quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

“Precisamos acabar com preconceito contra as Forças Armadas”, diz Temer ao defender Intervenção no RJ

Presidente Michel Temer garante que a reforma da Previdência não acabou por conta da Intervenção Federal

Presidente Michel Temer garante que a reforma da Previdência não acabou por conta da Intervenção Federal
Em entrevista ao programa 3 em 1, o presidente Temer afirmou que o Estado do Rio de Janeiro necessitava de uma intervenção civil, conforme previsto na Constituição. O objetivo do decreto, segundo Temer, é garantir maior administração às Forças Armadas, apesar de o estado já estar com a GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
“Quando resolvemos fazer a intervenção foi para dar administração da Segurança Pública e do Setor Penitenciário ao interventor. O governador Pezão veio aqui e pediu para decretar a intervenção. Ao longo do tempo tenho chamado de intervenção cooperativa”, destacou Temer.
O presidente salientou ainda que o objetivo é conectar o combate à criminalidade com programas de natureza social. “Na reunião que fizemos no Rio de Janeiro, eu disse que essa era uma tarefa conjunta que cabe a todos (…) Falei para eles que se as coisas desandarem no Rio de Janeiro será um exemplo muito negativo para os demais estados da Federação. Não fiquei apenas na Intervenção e criei o Ministério Extraordinário da Segurança Pública para coordenar e fazer a integração de toda Segurança Pública em território nacional”, declarou.
Temer ressaltou ainda que neste momento o País precisa de “ordem”, visto que este é o lema de seu governo e da Bandeira. “Ordem significa cumprir rigorosamente a Lei e combater a criminalidade”, completou.

Exagero de FHC
Questionado sobre uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que “governo fraco recorre aos militares”, Temer afirmou que houve um exagero de linguagem, uma vez que o tucano possui grande apreço pelas Forças Armadas. “Acompanhei e ajudei muito o governo Fernando Henrique, como líder do PMDB e presidente da Câmara, e tenho impressão de que ele tenha se pautado por um critério dele. Pode ser que num dado momento o governo dele tenha se enfraquecido e pensado nas Forças Armadas”, disse.
“Precisamos acabar com esse preconceito que existe contra as Forças Armadas”, completou.

Previdência não foi sepultada
Já em relação a reforma da Previdência, o presidente da República salientou que a reforma da Previdência foi retirada momentaneamente da paula legislativa, mas não saiu da pauta politica do País. “Se não fizer neste ano, seguramente o próximo governo vai ter que fazer (…) No ano que vem a previsão é de déficit de R$ 330 bilhões de reais. Ou seja, num dado momento quem vai sofrer é o aposentado e o servidor público que não vai receber a aposentadoria”, destacou.
Temer disse ainda que pode cessar a intervenção e aprovar a proposta. “Se até setembro a intervenção já estiver produzido todos seus efeitos necessários, eu ainda posso fazer cessar o decreto e aprovar a Previdência entre outubro, novembro e dezembro”, finalizou.
Fonte > Jovem Pan/montedo.com

Eleições 2018: Bolsonaro bate Alckmin e Lula e lidera corrida presidencial em SP

Jair Bolsonaro, Deputado Federal (PSC-RJ), na Camara dos Deputados

Candidato da extrema direita também supera Lula
Ernesto Neves
Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida presidencial em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, segundo pesquisa inédita do Instituto Paraná.
O deputado de extrema direita bate até mesmo o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o ex-presidente Lula (PT).


Veja abaixo os cenários analisados:

Cenário 1, com Fernando Haddad como candidato petista:
  • Jair Bolsonaro 23,4%
  • Geraldo Alckmin 22,1%
  • Marina Silva 12,3%
  • Ciro Gomes 6,5%
  • Fernando Haddad 6%
  • Álvaro Dias 3,8%
  • Rodrigo Maia 1,3%
  • Fernando Collor 1,1%
  • Henrique Meirelles 1%
  • João Amoêdo 0,7%
  • Levy Fidelix 0,7%
  • Guilherme Boulos 0,5%


Cenário 2, com Jaques Wagner como candidato petista:
  • Jair Bolsonaro 23,5%
  • Geraldo Alckmin 23,2%
  • Marina Silva 13,3%
  • Ciro Gomes 7,2%
  • Álvaro Dias 4%
  • Fernando Collor 1,5%
  • Rodrigo Maia 1,4%
  • Jaques Wagner 1,3%
  • Henrique Meirelles 1%
  • Manuela DÁvilla 0,8%
  • João Amoêdo 0,7%
  • Levy Fidelix 0,7%
  • Guilherme Boulos 0,5%


Cenário 3, com Lula como candidato petista:
  • Jair Bolsonaro 22,3%
  • Geraldo Alckmin 20,1%
  • Lula 19,7%
  • Marina Silva 8,8%
  • Ciro Gomes 5,3%
  • Álvaro Dias 3,6%
  • Rodrigo Maia 1,1%
  • Henrique Meirelles 1%
  • Fernando Collor 0,8%
  • João Amoêdo 0,7%
  • Manuela Dávilla 0,5%
  • Guilherme Boulos 0,4%
  • Levy Fidelix 0,4%
Veja/montedo.com

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Arsenal de Marinha realiza docagem de dois submarinos em sequência


Submarino “Timbira” docado no Dique “Almirante Jardim”

O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) realizou, em fevereiro, a docagem dos submarinos “Tupi” e “Timbira”, em sequência, no Dique “Almirante Jardim”.

Fonte > http://armamentoedefesa.blogspot.com.br 

Secretário de Segurança do Rio será general da ativa do Exército

Um dos nomes cotados é o de Richard Fernandez Nunes

General Richard Fernandez Nunes quando assumiu o comando da ECEME - Reprodução
RENAN RODRIGUES
RIO - O nome do novo secretário de Segurança do Rio será decidido na próxima terça-feira, de acordo com o porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Itamar. Segundo ele, o sucessor de Roberto Sá, exonerado na última segunda-feira, será um general da ativa do Exército.
Um dos nomes cogitados é o do general Richard Fernandez Nunes, atual comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), onde também já havia ocupado o posto de chefe do Centro de Estudos Estratégicos. Militar de carreira, ele possui mestrado em Ciências Militares e fez também cursos de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército e de Altos Estudos Estratégicos no Centro Superior de Estudios de la Defensa Nacional, de Madri.
O plano de ação para a intervenção no Rio de Janeiro deve ser apresentado na semana que vem pelo general Walter Souza Braga Netto, responsável pela missão. A primeira operação supervisionada pelo comando da intervenção federal na segurança pública do Rio aconteceu em um presídio. Algumas horas depois de o Senado ter aprovado o decreto assinado pelo presidente Michel Temer na última sexta-feira, um comboio do Exército se dirigiu à Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, onde detentos fizeram uma rebelião, no último domingo.
Na última sexta-feira, penitenciárias estaduais e federais entraram em alerta máximo depois que serviços de inteligência detectaram “riscos de instabilidade”. De acordo com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, era esperada uma reação de facções criminosas à intervenção.
Fonte  O Globo/montedo.com

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Jungmann avisa que não é intervenção militar, mas intervenção federal no Rio

Estadão Conteúdo

Depois do anúncio oficial da decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro, assinado pelo presidente da República, Michel Temer, uma outra reunião para discutir os próximos passos neste trabalho a ser executado no Estado está sendo realizada no Gabinete de Segurança Institucional, do general Sérgio Etchegoyen, com a presença do ministro da Defesa, Raul Jungmann, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas e o comandante Militar do Leste, Braga Netto, nomeado interventor. Nenhuma medida será anunciada após a reunião por se tratar apenas de organização de trabalho.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que causou preocupação a interpretação de que está sendo realizada no Rio de Janeiro uma intervenção militar.
“Não é intervenção militar. Nunca passou isso pela nossa cabeça. É uma intervenção federal, na qual o interventor é um general”, declarou o ministro, explicando que, quando começaram as discussões, se pensou, inicialmente, em nomear um interventor civil e dois ou três sub-interventores militares nas polícias militar e civil e setor de carceragem.
Mas, depois das inúmeras conversas, justificou, entenderam que “não seria funcional” tantas pessoas com estas coordenações e optou-se por nomear o general Braga Netto, que já está no Rio de Janeiro e conhece a realidade da cidade, para ser o administrador desta intervenção.
“Não tenho dúvidas de que a medida terá amplo apoio da população”, afirmou Jungmann. Segundo ele, “todos queriam isso e as pessoas, no Rio, estavam se sentindo reféns”. O ministro lembrou que a situação do Rio veio se agravando e deteriorando e acabou-se tendo que optar por esse caminho. “Achamos que apenas a decretação da Garantia da Lei e da Ordem seria suficiente, mas não foi”, disse ele, acentuando que a necessidade de medidas adicionais acabaram se impondo”.
O comandante do Exército, general Villas Bôas, também rejeitou a afirmação que ouviu de que o governo decretou uma intervenção militar no Rio. “Não é intervenção militar. É intervenção federal. Não é o Exército que está assumindo o controle do Rio”, afirmou o general à reportagem, ao acrescentar que “o momento é de crise e em momentos de crise é preciso que haja convergência de todos, da população inclusive, para ajudar a resolver os problemas”.
Com a decretação da intervenção, não há interferência do Exército no Estado do Rio. O general Braga Netto irá comandar a área de segurança pública e as Forças Armadas serão chamadas quando houver necessidade de atuação conjunta. O ministro da Defesa explicou que, como interventor, Braga Netto terá poder para nomear, demitir, reestruturar e o que mais entender ser necessário, na área de segurança pública e apenas na área de segurança do Rio de Janeiro. A questão orçamentária e política continua sendo administrada pelo governador Luiz Fernando Pezão.

Previdência
Segundo o ministro Jungmann, quando o governo for votar a reforma da Previdência, haverá revogação do decreto de intervenção. Neste momento, o presidente Michel Temer assinará uma ação de Garantia da Lei e da Ordem com toda a amplitude, onde o comando das ações passará às Forças Armadas.
Como o comando, neste momento, estará totalmente integrado, a avaliação é de que não haverá descontinuidade da atuação.
ISTO É/montedo.com

‘Há muita mídia’, diz general que vai comandar segurança do Rio

‘Há muita mídia’, diz interventor que vai comandar segurança do Rio

Estadão Conteúdo
Crédito: Divulgação/ Exército Brasileiro
O Comandante do Comando Militar do Leste,
general Walter Braga Netto
(Crédito: Divulgação/ Exército Brasileiro)
Nomeado interventor na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto, afirmou que a situação da violência no Estado não está tão ruim. Ao ser questionado nesta sexta-feira, 16, no Palácio do Planalto, respondeu haver “muita mídia” em cima do assunto.
Braga Netto pouco falou na entrevista concedida no Palácio do Planalto, ao lado dos ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, e da Defesa, Raul Jungmann, justificando que tinha “acabado de receber a missão”, que ainda “estava em fase de planejamento” e por isso não poderia adiantar nada sobre como será desenvolvido o trabalho. Questionado pela reportagem após a declaração, o general disse que “a situação do Rio é grave, mas não está fora de controle”.
O Decreto Presidencial que formaliza a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira. O ato tem como objetivo “pôr termo ao grave comprometimento da ordem Pública no Estado do Rio de Janeiro”. Pelo texto, a intervenção se dará até o dia 31 de dezembro de 2018 e se limita à área de segurança pública.
Fonte > ISTO É/montedo.com

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

General Santos Cruz: "Não se faz segurança pública com Forças Armadas."

A polícia paga pela deterioração de todas as áreas

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General Santos Cruz (Givaldo Barbosa - O Globo)
André Vargas
O general de divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz, 65 anos, deixou a farda, mas não a batalha. Secretário Nacional de Segurança Pública desde abril do ano passado, ele tem a missão de criar estratégias para combater o crime e integrar as ações de todas as forças de segurança do País de modo a deter a criminalidade desenfreada. Mesmo diante desse desafio, ele acredita que com inteligência, investimento, treinamento e mudanças nas leis será possível reduzir a violência que mata mais de 60 mil pessoas por ano, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Designado comandante das tropas da ONU na República Democrática do Congo, o general Cruz já enfrentou e venceu rebeldes em um cenário hostil. Para ele, porém, nem mesmo todo o planejamento e recursos do mundo trarão segurança aos brasileiros se não houver “liderança política para erguer essa bandeira”, como ele afirma na entrevista a seguir.

Qual a razão da letalidade fora de controle no Brasil?
É uma deterioração social. O crime vulgarizou a violência. É algo que vem de longo tempo e que piorou com as organizações criminosas. As disputas de facções por controle do comércio de drogas e outras atividades nos leva ao nível da barbárie. Tudo isso é resultado da ausência e do atraso do poder do Estado em se adaptar a essa nova situação.

A criação de uma força nacional de intervenção permanente no Rio de Janeiro traria vantagens no combate ao crime e à entrada de armas ilegais na cidade?
Não acho que solução seja essa. Temos é que estruturar os órgãos existentes. Temos que aperfeiçoar, treinar, equipar e prover de tecnologia [as polícias], assim como acertar a legislação. É preciso uma cruzada das instituições, com Judiciário e ministérios públicos. Essas instituições também precisam tomar medidas abertas contra o crime. Junto com tudo isso é preciso lideranças em nível político que ergam essa bandeira.

O senhor defende que os estados adotem políticas segurança de acordo com suas realidades locais. No que diferem os problemas, por exemplo, de São Paulo e do Rio? Ou do Amazonas e do Rio Grande do Norte?
Cada estado tem suas particularidades, seja pelo tipo de crime ou pela capacidade das polícias. O investimento em São Paulo é grande e muitos índices estão caindo. No Amazonas, que é um estado fronteiriço, o transporte fluvial e o controle de fronteiras e espaço aéreo exige outras soluções. O importante é que junto exista uma política de coordenação nacional e que todos os órgãos estejam integrados.

"O ex-governador Sérgio Cabral está preso
 por que havia corrupção e crime organizado
em nível governamental para pegar dinheiro
de dentro das instituições públicas."

São Paulo conseguiu reduzir os índices de homicídios. Pernambuco também, entre 2006 e 2013, mas depois os assassinatos voltaram com força. O que ocorreu?
É uma situação alarmante não só em Pernambuco, mas no Nordeste todo. Esses estados não estavam preparados para a expansão do crime organizado, que migrou para lá a fim de explorar as fragilidades existentes por meio de alianças com facções locais. O Nordeste precisa passar por esta fase de adaptação, o que exige uma política nacional. Hoje os estados não conseguem sozinhos fazer todo o financiamento da segurança pública.

O senhor afirma que os estados não aplicam parte dos recursos que recebem. Como evitar esse erro?
Algumas vezes existe retardo na aplicação de recursos. Acredito que isso se deve a diferentes razões. Algumas vezes troca-se o governo ou o secretário, outras vezes, falta conhecimento técnico para aplicar o recurso. Alguns projetos estão parados. Na área penitenciária, entre 2016 e 2017, cerca de R$ 1,2 bilhão ficaram sem uso.

Onde os recursos devem ser investidos? Construir mais presídios não é uma medida ineficaz, já que as facções dominam as prisões?
Se os presídios estivessem funcionando bem, até concordaria com essa ideia. Mas não estamos em uma situação aceitável. Precisamos de um sistema penitenciário que funcione dentro dos padrões aceitos pela dignidade humana. Nesse momento temos grandes deficiências, começando pelas delegacias e casas de detenção, onde temos pouca coisa funcionando bem.

Uma política de segurança pública deve combinar inteligência, tecnologia, treinamento e equipamentos. O que é mais urgente no Brasil atual?
Alguns pontos são fundamentais. Em primeiro lugar é preciso atuar ao mesmo tempo em prevenção e repressão. Outro item é integração, não só em caráter financeiro. Integração significa participação de União, estados e municípios, coordenação, pois os limites do crime hoje são interestaduais e internacionais, além de inteligência e tecnologia. Hoje a integração da base de dados criminais é fundamental para identificação. Senão, o criminoso cruza uma divisa e o outro estado não tem acesso [aos dados]. A tecnologia também passa pelo banco de perfis genéticos, o que facilitaria em muito a identificação criminal. A palavra integração é fundamental. Hoje, dezesseis estados estão colocando seus dados no Sinesp, que é o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública. Com isso, será possível descobrir se um indivíduo pego numa blitz é procurado pela polícia de outro estado. O mesmo precisa ser feito com uma arma apreendida. Às vezes, ela foi usada em outros crimes. Tudo isso precisa ser centralizado. Nosso nível ainda é muito deficiente. Tem que melhorar.

O aumento da população carcerária não serve apenas para alimentar as facções criminosas?
O problema não é prender muito ou não. O problema é prender quem precisa ser preso. E que o criminoso de fato cumpra a pena. Temos um problema sério de execução penal, com condenados que integram o crime organizado ficando pouco tempo na cadeia. Há o caso da pessoa [Suzane Richthoffen] que matou os pais e foi liberada no Dia dos Pais. Pode ser legal, mas agride a sociedade pela sensação de impunidade que gera.

A corrupção em presídios e nas polícias não seria o maior obstáculo? Alguns dos grandes líderes das facções seguem presos e comandando seus negócios.
É o problema da execução penal. O sistema carcerário deveria funcionar. A corrupção não afeta só as prisões. Ela atinge a sociedade em geral, como um câncer. Um ex-governador está preso [Sérgio Cabral]. Qual a razão da prisão? Havia corrupção e crime organizado em nível governamental para pegar dinheiro de dentro das instituições públicas. A penalização precisa começar por cima. O Brasil precisa de exemplos.

Em Natal, a presença da Força Nacional durante a greve das polícias não afetou a média de homicídios do período anterior. O que houve?
A Força Nacional tem em torno de 2,1 mil homens. Desse efetivo, temos 600 homens no Rio de Janeiro e 500 no Pará. Enviamos entre 170 e 200 homens para Natal. Com esse efetivo, só reforçamos alguns pontos críticos e de grandes concentrações naquela capital, como zonas comerciais e rodoviária. Foi uma situação de emergência.

Existe alguma forma de minimizar a morte de PMs?
Os números são inaceitáveis para qualquer sociedade civilizada. O policial representa a legislação que estrutura a sociedade. O policial [fora de serviço], quando identificado, é morto. Para resolver, só com autoridades e instituições fortes. A legislação precisa ser alterada, o judiciário precisa se envolver na execução e na aplicação das leis. A polícia paga o preço de uma deterioração de todas as demais áreas.

Controlar a entrada de armas e drogas pelas fronteiras é uma missão impossível? O que é necessário para amenizar o problema?
Não. Estamos fazendo muita coisa. Em junho, quando começamos a implementar algumas medidas no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo fizemos ações ao longo de nossas fronteiras terrestres, por onde passam grande parte das drogas e armas. Também atuamos nos eixos que vêm dos estados do Sul e do Mato Grosso do Sul, chegando ao Rio por quatro grandes rodovias federais. É possível vigiar as fronteiras sim. Para tanto é preciso integração. Fizemos levantamentos em dezesseis pontos. A Polícia Rodoviária Federal, junto com a PF, Força Nacional e as polícias estaduais, tem a Operação Égide, que apoia as ações no Rio. Desde 10 de julho foram detidas 11,2 mil pessoas, 4 toneladas de cocaína e crack foram apreendidas, junto com 775 armas de fogo e 126 mil cartuchos de munição, além da recuperação de 2,5 mil veículos roubados. Mesmo assim, há necessidade de fechar mais as nossas fronteiras.

O que falta para essas ações serem mais eficientes?
Precisamos melhorar a tecnologia básica. Mais estrutura física, veículos, embarcações, treinamento, armamentos, munições. Também é preciso alguma estrutura mais avançada, como a parte de instrumentos óticos, scanners e integração da base de dados. Por exemplo: tivemos um mesmo veículo passando sete vezes pela fronteira só no percurso de vinda, sem fazer o de volta. Com tecnologia conseguimos capturar o sujeito, que fazia um grande transporte de armamentos e munições. Ele entrava no país com o carro e voltava por um caminho diferente usando outra placa. Para detectar esse movimento foi preciso investir em um sistema de vigilância, pois são milhares de veículos todos os dias nas fronteiras. Felizmente nós temos isso e estamos obtendo bons resultados.

As Forças Armadas devem invadir áreas controladas pela criminalidade e enfrentá-la?
Não se faz segurança pública com Forças Armadas. Só em caráter emergencial ou excepcional. Elas estão completamente aptas a fazer esse trabalho quando o confronto é de alta intensidade. Essa é a minha experiência internacional. Porém, a geografia do Rio de Janeiro e a maneira descuidada, quase irresponsável, como deixaram a cidade, sem planejamento urbano em algumas comunidades, aumenta em muito as chances de danos paralelos sobre uma população inocente, que sofre privações de toda ordem, principalmente na mão de bandidos. Isso tem que ser levado em consideração. Um confronto sempre será vencido pelas Forças Armadas. Não há grupo criminoso que vá impedir. O problema é proteger a população.

Fonte > ISTO É/montedo.com